sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O famoso maiô de zebra

A primeira nota de jornal de Barbie.
Muito antes de se tornar o sucesso de público e uma das imagens mais icônicas na cultura pop, Barbie era uma boneca feita para ser amada e brincada pelas crianças americanas no final da década de 50. Seu sucesso não era previsto. Pelo contrário, a moda dos bebês chorões assustava o marido de Ruth Handler, que aconselhava Ruth incansavelmente de abandonar a ideia, visto que uma miniatura feminina exuberante e peituda poderia ser alvo de polêmica. Ruth não desistiu, pois acreditava na importância daquelas garotas terem a imaginação estimulada. Barbie é a prova que uma mulher deveria ter escolhas, dizia a pioneira por trás da boneca. A empreendedora levou a criação a um festival de brinquedos em 9 de Março de 1959.

A primeira nota de jornal divulgou a boneca, seu preço inicial e algumas características que a tornariam mais tarde uma relíquia e a boneca mais desejada entre os colecionadores vintage. O cabelo em rabo de cavalo lembrava os penteados das revistas de celebridade, o corpo esculpido com realismo acompanhava suporte com fixação que a permitia ficar em pé sem auxílios, membros articulados.

Confira o primeiro comercial televisionado da Barbie.



Como pôde conferir na nota do jornal e no comercial, tem uma peça emblemática no vestuário da boneca que participou da sua entrada triunfal no mercado de brinquedos e se tornou fundamental para o roupeiro dela - de uma "Teen Age Fashion Model".


O maiô de zebra, 1959


A primeiríssima Barbie é lembrada pelo cabelo icônico em rabo de cavelo, conhecida como Barbie Ponytail #1, mas principalmente por vestir um maiô (etm. francesa maillot) listrado, preto e branco, em jersey, remetando a um tricô perfeito para primavera/verão de temperaturas amenas. Sandália preta, aberta, salto alto. Acompanha brincos dourados de argola e óculos de sol, armação "Olho de Gato" (Cat Eye) branca com lentes azuis.


Arte do primeiro catálogo de roupas da Barbie que disponibilizou uma referência do seu look inaugural.
                                                       


As bonecas eram acompanhadas de booklets, mini-folhetos com ilustrações que ajudavam as crianças a identificar a série de roupinhas que eram produzidas para a boneca em cada temporada. A ilustração acima é da página 1 do primeiríssimo booklet, incluído no fundo da caixinha da Barbie que inaugurou esta história, uma boneca muito singular naquela época. À esquerda, a mais rara e desejada entre os vintage collectors.



Ela vestia o fascinante maiô de zebra.

Coleção da Brígida

Clique na imagem para ampliar
Conforme a identificação de Sarah Sink Eames, no seu livro "Barbie Fashion: The Complete History of the Wardrobes of Barbie doll, her friends and her family", esta imagem à direita, o maiô de zebra era produzido a partir de tricô e foi disponível pela primeira vez em 1959, porém continuou a vestir as bonecas até 1961. 

A Ponytail, a Barbie de rabo de cavalo, foi a primeira e teve sete variações diferentes. A segunda Barbie teve seu corte de cabelo reformulado, a Bubble Cut (1961) tinha o cabelo curto, porém as primeiras Bubble também vinham com o maiô de zebra. Incluir esta peça em todos estes lançamentos era a prova viva do sucesso que fazia com as crianças e do nascimento de um ícone fashion


♡ Babado 


Pelo que parece, a Barbie não era a única a querer brilhar com o animal print. Existe a lenda entre os colecionadores mais ávidos que um possível protótipo de sunga de zebra tenha sido criado para o Ken, mas a partir de uma iniciativa que não obteve sucesso e foi, então, arquivada. Anos mais tarde, o bafafá voltou ao mundo colecionista, quando um colecionador francês cadastrou no eBay.fr um anúncio de venda da mesma sunga que continha uma etiqueta e foi vendida por 70 euros. Que mistério! Seria esta sunga um item protótipo original da Mattel? Como ela pode ter chegado às mãos de um colecionador? 



E os acessórios que combinavam com o maiô?

Para esta pergunta, há resposta. Durante muitos anos, três itens indispensáveis acompanhavam o maiô de zebra, completando o glamour do visual e a naturalidade deste look barbíestico. 

Brincos de argola dourados, um par de sandálias pretas e os óculos de gatinho.






E aí, qual é a roupinha vintage da Barbie que vocês mais gostam? 

Até a próxima, darling !

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O namorado da Barbie

Ken foi apresentado à Barbie em 1961. Como nos planos da Mattel e nos sonhos de muitas garotinhas de todo mundo, eles se apaixonaram à primeira vista. Era a cereja do bolo que faltava para potencializar o mundo imaginário desses personagens entre as crianças. Desde 1959, a figura da Barbie reforçava a imagem de uma mulher do mundo, uma teen age fashion model que poderia trabalhar, satisfazer seus anseios, sem perder os prazeres de ser a dona-de-casa da época, alguém que com muito zelo organiza o lar dos sonhos e planeja o casamento perfeito. A publicidade do Ken apresentava-o como o tipo adequado para o casório, era vistoso, prendado, polido e amável para com sua querida Barbie.

Conheça o momento deste grande encontro!




O primeiríssimo Ken (1961) tinha o cabelo flocado - flocked hair, suas pernas eram retas, não-articuladas, seu corpo era esculpido com uma minúncia inenarrável, sem marcas ou rebarbas; Sobrancelhas grossas, traços de rosto bem delineados. 

No peito do pé, lê-se JAPAN, indicativo crucial para quem deseja adquirir o seu, uma maneira de confirmar originalidade. Assim como a marca no bumbum, onde lê-se: Ken™ Pats. Pend. ©MCMLX by Mattel, Inc. 

Seu corpinho é leve, porém feito a partir de um plástico rígido. Apenas o torso é oco. Seus olhos podem ser azuis ou castanhos. Características que compartilha com as primeiras Barbie, assim como uma linha de roupas de altíssima qualidade fabricadas no Japão. Suas calças possuem zippers e suas camisas receberam uma etiqueta com seu nome, Ken™.

ÊLE tinha até o seu próprio hit musical. Uma bela canção intitulada "KEN", cantada por Barbie. A voz é da jovem Charlotte Austin, acompanhada pela The Daniel-Darby Orchestra.




Novo com sua caixa e suporte de metal, Ken era acompanhado de sandálias marrons com tira vermelha, shorts de natação e uma toalha amarela. Pode ser encontrado com a seguinte variedade de cabelos - loiro, moreno ou castanho, a versão mais rara.

Nem sempre é fácil conseguir o primeiro Ken por um bom preço. No desejo de tê-lo com mais facilidade, uma opção é recorrer às reproduções. Chamamos de Vintage Repro, as edições produzidas atualmente pela Mattel na China com o objetivo de homenagear os clássicos da história barbíestica. No entanto, as diferenças entre o original e o repro não são muito sutis. Confira!



Ambos podem ser muito especiais para uma coleção. A reprodução não deixa de ter sido feita com muito carinho para os retromaníacos por artistas talentosos. Caso da edição de 2011, por Bill Greening, ilustrado pela imagem acima. Item da coleção My Favorite Barbie, a melhor linha de reproduções disponíveis atualmente no mercado. 

Contudo, a matéria-prima atual, o modo de produção e o contexto mercadológico não favorecem uma grande semelhança com o Ken de outrora. É preciso considerar todos estes fatores.


Esta era uma das primeiras imagens que as crianças admiravam de Ken em 1961.

E quais eram as principais roupinhas do galã vendidas na época? Quer conhecer?
  

Enviado pelos deuses.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Dia da consciência negra

Neste dia 20 de Novembro – data emblemática para comemorar a consciência negra no Brasil, venha comigo conhecer algumas curiosidades a respeito da primeira Barbie negra lançada no mercado e um site que comporta um banco de dados fabuloso para quem deseja iniciar uma coleção com este foco. A diversidade étnica é um tema importante para as discussões contemporâneas e protagonizou a convenção de colecionadores BarbieBrasil 
2015.
BLACK BARBIE, 1979/80
Com a Barbie antenada que existe dentro de mim, não deixo passar em branco esta data que por si só já faz um brinde à beleza negra...

Mas não para por aí: é preciso lembrar que a consciência negra das futuras gerações depende principalmente desta fase delicada que é a educação infantil, as primeiras descobertas, as brincadeiras e vivências em sociedade. 

Entre esta e outras questões, mora a importância de dar visibilidade às diferentes etnias e possibilitar às crianças de se reconhecer nestes brinquedos que servem como ferramentas de construção social e estimulantes da imaginação. 

Antes de nos aventurarmos pela boneca, vamos entender o porquê da importância desta data no Brasil. E aí, prontos para entrar neste túnel do tempo da nossa história? Apertem os cintos.

sexta-feira, 6 de março de 2015

tnt fever !

Apenas alguns dias antes das homenagens ao aniversário de 56 anos de Barbie, falemos sobre revolução tal qual a #1 Ponytail foi para o mundo barbístico. Pensa em Vintage e agora pensa numa palavrinha empregada tantas vezes de apenas três letrinhas - MOD. A Barbie mod'ern também se identifica em linguagens da moda como o futurismo, as apropriações do estilo hippie, a obsessão pela geometria e o amor por um modo de ser e estar mais groovy.


Primeiramente, assista ao comercial que introduziu a Barbie mais emblemática desta era, conhecida entre os fãs como TNT  - abreviação para Twist 'n' Turn - que trouxe à boneca um entendimento de corpo completamente novo, ela podia girar a cintura, além de dobrar as pernas. TNT modificou a projeção de imagem principal de Barbie, anteriormente representada por uma imagem fashion, senhoril e dama da sociedade. Agora ela aparece muito mais juvenil e descolada, lembrando muito a sua irmã mais velha e menos a sua mãe. Aquele olhar de timidez clássico que vinha sendo cultivado desde a primeira ponytail passou a ter ares pueris e uma íris azulada hipnotizante. O realismo chega com tudo, cílios verdadeiros, cabelos longos, roupas cintilantes e tudo que uma garota precisa para balançar no ritmo certo.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Por que e como colecionar Barbie Vintage?

Todo mundo fala sobre estes pequenos prazeres da vida que nos fazem seguir perseverantes por situações difíceis que ela tende a nos lançar. Colecionar pode ser definitivamente um deles. A boneca Barbie que surgiu do desejo de uma mãe ver sua filha realizada sempre foi um ícone no que diz respeito às coleções.

Muitas vezes não paramos para pensar no passado e imaginar como foi o seu impacto no ano exato em que surgiu. Seria difícil qualquer outra coisa senão ler os relatos, já que se trata de uma época em que não vivemos. Se foi isso que você pensou, pense novamente. O mundo Vintage e retrô da boneca não está mesmo enterrado no passado. Existe um mercado complexo atual que dá valores aos brinquedos que sua mãe brincava quando tinha 10 anos, inúmeros acessórios raros como colares, brincos e bolsas podem ser encontrados pelos preços de pequenas fortunas.

Digamos que sai menos caro para residentes da terra do Tio Sam, porém há colecionadores do mundo todo que se especializam em Vintage, aficionados pela moda dos anos 50 e 60 que viajam para poder participar de convenções e compartilhar com os amigos os prazeres desta retrômania. Neste post, conversaremos sobre a viabilidade de colecionar Vintage, as alternativas e como adentrar ao túnel do tempo tem ficado cada vez mais fácil. 




quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Barbie Cinéfila #1: "Tudo que o céu permite"

Como uma exímia comentarista, aficionada por melodramas hollywoodianos, Barbie veio nos brindar com anedotas cinéfilas e trocar indicações da sétima arte. Esta é uma coluna de postagens que aparecerão por aqui frequentemente, fazendo jus a relação tão íntima que as espectadoras mulheres tinham - nas décadas de 50 e 60 - com os romances em Technicolor e, tendo em vista a figura da Barbie como um reflexo das vivências femininas da época, o paralelo sociológico entre a boneca e elas se torna um poço rico de associações no campo representativo do comportamento, da moda, dentre tantas outras questões atrás de portas fechadas que a chave da imaginação poderá abrir. Barbie veio acompanhada.


Barbie e Ken vieram em noite de gala para nos apresentar esta aquisição Criterion Collection e comentar sobre uma deleitosa experiência fílmica a dois. O filme de hoje é recomendado aos apaixonados. Trata-se de um clássico de Douglas Sirk, intitulado "Tudo que o céu permite", que viu os holofotes da estréia numa noite de inverno em dezembro de 1955, apenas quatro anos antes do lançamento de Barbie numa feira de brinquedos pelos pioneiros Ruth e Elliot Handler. Considerado no seu tempo como apenas mais um filme de lágrimas típico de um cinema feito para mulheres, a obra de Sirk foi revisitada a partir dos anos 70, tendo este na lista de inúmeros de seus filmes cinquentistas considerados seminais na identidade estética de um gênero fílmico, o Melodrama.

"All that heaven allows", 1955.
Criterion Collection ed.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Barbie, you're beautiful. You make me feel.

Todos já ouvimos falar de Barbie em algum momento da vida. Bem ou mal. É uma boneca de longa data que se tornou elemento crucial para diversas discussões culturais. A influência de Barbie no imaginário de inúmeras crianças se tornou aos poucos inevitável, assim como a sua produção em série cada vez mais expressiva. A moderna problematização nas brincadeiras com a Barbie apareceu desde o instante em que a padronização do tipo de corpo e os comportamentos construídos para a boneca enquanto personagem passaram a ser questões reconhecidas como preconceituosas e sexistas. Parece que estamos no meio de uma queda de braço, em que os apaixonados defendem a Barbie como a estrela do mundo e os haters colocam a culpa de toda baixa autoestima infantil no fato de que o maior número de bonecas da playline são loiras e magras. No entanto, ambos os lados poderiam parar um instante para refletir sobre o fato de que ela não precisa ser de fato uma estrela de nada, menos ainda a causadora de projeções infantis infelizes por conta da cor de um cabelo ou dos centímetros de uma cintura. O mais simples desejo que havia por trás da criação da boneca era de que ela pudesse ser qualquer um/uma de nós. A ideia que fez de Barbie um sucesso estrondoso desde o início foi a possibilidade de masturbar a imaginação. É isso mesmo que você leu, tudo que existe de fascinante no mundo barbístico pode estar advindo do gozo incompleto que existe em trocar a boneca de roupas, jogando com papéis sociais, fazendo de conta que ela pode ser quem quer que seja ou qualquer coisa que a vossa imaginação possa elaborar. Incompleto porque o prazer da brincadeira parece não querer terminar. Então, ela poderia ser uma estrela se você quiser, um ícone de elegância reconhecido por talentos inatos. Talvez não, ela poderia ser uma dona-de-casa qualquer, sem o menor glamour, que precisa de chegar a tempo do supermercado para poder atender as necessidades do marido. A nossa Barbie Melodramática tem um quê de Lucy do seriado I Love Lucy, de Desperate Housewives, de Beleza Americana, de todos estes folhetins americanos quintessenciais em que ninguém é de fato o que parece ser. Uma mulher dedicada ao lar pode esconder uma vida pessoal secreta, desejos emancipatórios, pensamentos revolucionários ali, bem ao lado de sua caçarola que prepara um molho bechamel supimpa. Para relembrar os valores que estavam ali quando tudo começou, aceite este convite de vir comigo voltar ao passado para conhecer a origem desta Barbie que se provou ao longo de todos estes anos como uma boneca para lá de melodramática, caindo e levantando, namorando, terminando namoro, fazendo amigos, cortando o cabelo, deixando crescer, armando, alisando, aventurando-se pelas possibilidades de beleza que as décadas de 60, 70, 80, 90 e os anos 2000 lhe permitiram. Uma maneira brilhante de começar a jornada pode ser assistindo a um micro-documentário que vai precisar de apenas mais dois minutinhos do seu tempo para conhecer a idealizadora de Barbie.

Ladies and Gentlemen, Mrs. Ruth Handler 


Ruth Handler, a mulher pioneira por trás de Barbie.
[1916 ~ 2002]